segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sobre Liberdade



Fala-se tanto em "causa e efeito", livre arbítrio. Mas até onde vai a nossa liberdade de escolhas? Só temos a liberdade de escolher dentro do limete que nos é oferecido, portanto a nossa liberdade restringe-se às eventuais escolhas que nos são oferecidas. Como tudo na vida , o livre arbítrio também é relativo. A liberdade de escolha é relativa. Somos livres para fazermos o que quisermos como um pássaro dentro dos limites da gaiola. Neste texto do psiquiatra Paulo Rebelato, o conceito de liberdade é retratado de uma forma bem realista:
Liberdade ???
O psiquiatra Paulo Rebelato, em entrevista para a revista gaúcha Red 32, disse que o máximo de liberdade que o ser humano pode aspirar é escolher a prisão na qual quer viver. Pode-se aceitar esta verdade com pessimismo ou optimismo, mas é impossível refutá-la. A liberdade é uma abstracção.
Liberdade não é uma calça velha, azul e desbotada, e sim, nudez total, nenhum comportamento para vestir.
No entanto, a sociedade não nos deixa sair à rua sem um crachá de identificação pendurado no pescoço. Diga-me qual é a sua tribo e eu lhe direi qual é a sua clausura. São cativeiros bem mais agradáveis do que o Carandiru: podemos pegar sol, ler livros, receber amigos, comer bons pratos, ouvir música, ou seja, uma cadeia à moda Luis Estevão, só que temos que advogar em causa própria e hábeas corpus, nem pensar.
O casamento pode ser uma prisão. E a maternidade, a pena máxima. Um emprego que rende um gordo salário trancafia você, o impede de chutar o balde e arriscar novos voos. O mesmo se pode dizer de um cargo de chefia. Tudo que lhe dá segurança ao mesmo tempo o escraviza.
Viver sem laços igualmente pode nos reter. Uma vida mundana, sem dependentes para sustentar, o céu como limite: prisão também. Você se condena a passar o resto da vida sem experimentar a delícia de uma vida amorosa estável, o conforto de um endereço certo e a imortalidade alcançada através de um filho.
Se nem a estabilidade e a instabilidade nos tornam livres, aceitemos que poder escolher a própria prisão já é, em si, uma vitória. Nós é que decidimos quando seremos capturados e para onde seremos levados. É uma opção consciente. Não nos obrigaram a nada, não nos trancafiaram num sanatório ou num presídio real, entre quatro paredes. Nosso crime é estar vivo e nossa sentença é branda, visto que outros, ao cometerem o mesmo crime que nós - nascer - foram trancafiados em lugares chamados analfabetismo, miséria e exclusão.

Brindemos: afinal temos todos cela especial.


"No misterio do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E no planeta um jardim
e no jardim um canteiro
no canteiro uma violeta
e sobre ela o dia inteiro
entre o planeta e o sem-fim
a asa de uma borboleta."
Cecília Meireles

2 comentários:

Maria Emília disse...

Amiga Rita,
Fico contente por ver que vai continuando com as suas postagens.
Desta vez tenho que lhe dizer que estou em total desacordo com o psiquiatra e com o texto. Na minha óptica nos temos inteira liberdade de escolha, até na doença e na forma como morremos. Primeiro acredito que viemos com uma missão que escolhemos antes de aqui termos chegado. Depois acredito que o nosso pensamento controla toda a nossa vida. Nós somos verdadeiramente aquilo que pensamos. Muitos, se não todos os males de que padecemos foram escolhidos pelo nosso pensamento.
Muito haveria a dizer sobre este assunto mas por ora fico por aqui.
Um beijinho,
Maria Emília

Rita Schön disse...

Minha amiga de além mares, este assunto realmente é bastante controverso, sinal de diversidade. Isto é bom. Hoje posso dizer que não tenho certeza de nada, só sei que nada sei, plagiando alguém que disse esta frase e que não lembro por hora. Já tive tantas certezas, hoje não mais, hoje sou apenas alguém que está buscando algumconhecimento. E que de certa forma concorda com o psiquiatra.
Beijos minha amiga.