quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Trechos escolhidos de Stray Birds

Trechos escolhidos de Stray Birds.
( Pássaros perdidos )
Rabindranath Tagore
Uma tentativa de tradução da versão inglesa de 1916.
Tradutor um amigo que preferiu assinar como Tradutor anônimo
Pássaros perdidos do verão
vêm cantar em minha janela,
e seguem adiante voando.
E as folhas amareladas de outono,
que não sabem cantar,
flutuam e caem nela suspirando.
O mundo tira sua máscara de imensidão
e se mostra aos que amam.
Ele torna-se pequeno como uma canção,
como um beijo da eternidade.
A tua saudosa face abriga os meus sonhos
como chuva à noite.
Desde que sonhamos que éramos estranhos,
acordamos e descobrimos
o quanto somos próximos.
A tristeza se transforma em paz
em nossos corações
assim como o entardecer
entre as árvores silenciosas.
Os olhos que na noite
choram a ausência do sol, também perdem a visão das estrelas.Ouça, meu coração, os sussurros do mundo. São juras de amor por ti.Os mistérios da criação são grandescomo a imensidão da noite. As ilusões do conhecimento são fugazes como a neblina da manhã.O que você é você não vê.O que você vê é a sua sombra.Meu existir. Eis a constantesurpresa da vida.Deus espera uma respostapelas flores que nos manda,não pelo sol e a terra.A luz que brinca entre as folhas verdescomo uma criança nua,felizmente não sabe que o homemmente.Ó beleza, acha em ti mesma o amor,não nas lisonjas do espelho.As árvores surgem na minha janelacomo as vozes do desejode uma terra silenciosa.Cada nova manhã de Deusé uma surpresa para Ele.Respondendo aos chamados do mundoa vida encontra sua riqueza.Respondendo os chamados do amorencontra seu valor.O leito seco do rio não recebegratidão por seu passado.Eu não posso dizer por queeste coração adoece em silêncio.Por pequenas necessidadesque ele nunca pede,ou conhece, ou lembra?...O mundo atira-se sobre as cordasdo coração preguiçosotocando a música da tristeza.Quem faz de suas armas deuses.Quando suas armas vencemderrota-se a si mesmo.Deus descobre a si mesmo na criação.Estrelas não se incomodam deser confundidas comvaga-lumes.Eu sou grato por não ser nenhumadessas engrenagens da máquinado poder, mas sim um destesseres vivos que elas esmagam.Seu ídolo quebra-se na poeirapara provar que a poeira de Deusé maior do que o seu ídolo.Nossas vidas são dádivas.Nós só a possuímos se a doamos.Nós chegamos perto da grandezaquando crescemos em humildade.O pardal entristece-se pelo pavãopor causa do peso da sua cauda."Nunca tenha medo dos momentos"(canta a voz da eternidade).Toma do meu vinho em minha própria taça, amigo, pois ele perderá a grinalda de espuma se vertido em outras.A flor recém-nascida abre seu botãoe chora: "Querido mundo,por favor não vire deserto".Deus se aborrece com grandes reinosmas nunca com pequenas flores.Eu dou toda a minha água com alegria,diz cantando a cachoeira, não importa se um pouco jámataria a tua sede.Aonde se esconde a Fonte que jorra todas estas flores numa incessante erupção de êxtase?O machado do lenhador imploroupor um cabo. E a árvore lhe deu.A névoa, como o amor,brinca sobre o coração das colinase revela belezas surpreendentes.Não sabendo entender o mundoafirmamos que ele nos engana.Cada criança que chega neste mundotraz uma mensagem:Deus ainda não desistiu de nós.Deixe que a vida seja bonitacomo as flores do verão e a morte como as folhas de outono.Aquele que procura ser bombate no portão. Aquele que ama encontra o portão aberto.Aonde te escondes, ó fruto?Aqui em teu coração, ó flor.A bainha que protege a lâmina daespada alegra-se por não ter corte.Na escuridão o Uno parece uniforme,na luz parece múltiplo.O nascimento e morte das folhassão os giros rápidos do redemoinho,cujos círculos maiores movem-se lentosentre as estrelas.O poder disse para o mundo:Sois meu!E o mundo o aprisionou em um trono.O amor disse para o mundo:Sou teu. E o mundo o deixou escolher aonde morar.Aquietai-vos, meu coração.Estas grandes árvores rezam.O selo da morteé o que dá valor à moeda da vida;torna possível compará-la ao maisprecioso bem.A nuvem colocou-se humildementea um canto no céue a manhã coroou-a com esplendor.A terra em resposta aos insultosoferece flores.A música do verão passado voapelo outono a procura do seu ninho.O eco imita sua origem, para provarque ela é original.Deus envergonha-se quando nos vangloriamos de Seus favores.Só vejo em meu caminho a própriasombra, se a minha luz está apagada.O homem mistura-se à multidão barulhentapara não ouvir a voz do seu silêncio.As montanhas são como crianças quegritando, abrem seus braços paratocar as estrelas.A estrada sente-se solitáriase os viajantes não a amam.A força gabando-se do seu poder,provoca um sorriso complacentenas folhas amareladas que caem e nas nuvens que se dispersam.A noite, beijando o dia que se vai,sussurra no seu ouvido: "Eu sou a morte, sua mãe. Eu vimpara que você renasça".O poder de Deus é melhor percebidona brisa suave do que na tempestade.É a noite que abre as flores em silêncioenquanto o dia recebe os agradecimentos.As gotas de chuva beijaram a terrae sussurraram: " Somos teus saudososfilhos, mãe, voltando do espaço".O canal gosta de pensar que o rio existeapenas para servi-lo de água.Não sei o que me angustia mais:Se minha alma cativa tentando se libertarou a alma do mundo batendo na portado meu coração sem conseguir entrar.O pensamento alimenta-se de suas próprias palavras e cresce.Humildemente escondidanas montanhas distantes, a nuvemenche de água as taças do rio.A água num vaso é cristalina;a água no mar é escura.A meia-verdade vem em palavras claras.A verdade inteira vem misturada como silêncio.Aquele que está muito ocupadofazendo o bem, não tem tempode ser bom.O alvo sussurra para a flecha:"Tua liberdade é minha".Mulher, tens a música da fonte da vidaem teu sorriso.Uma mente muito lógicaé como uma faca de dois gumes.Faz sangrar a mão de quem a usa."Eu perdi as minhas gotas de orvalho",chorava a flor para o céu da manhã,que havia perdido todas as estrelas.Se elogios envergonham-meé porque secretamente anseio por eles.O melhor não vem só.Ele vem acompanhado de tudo o mais.A oração do fruto é preciosa.A oração das flores é doce.Mas deixa minha oração sercomo a oração das folhas,na sombra de sua devoção humilde.Deus espera de presenteas suas próprias florespelas mãos dos homens.Quando o homem é um animal,ele é o pior deles.As nuvens escuras tornam-sejóias do céuquando beijadas pela luz.Como o barco que tira sua graçado vento e das águas, o meu coraçãotira sua beleza do movimentodo mundo.A morte pertence à vida, assim comoo nascimento.O caminhar está no avançar do pé, assim como no seu retorno.Eu cheguei até você como um estranho,eu morei na sua casa como um hóspede,eu te deixei como um amigo,meu mundo.Eu te vi como uma criança semi-acordadavê a sua mãe na penumbra do quarto,sorri e então adormece em paz.Leva o meu coração ao centro doteu silêncio, para que ele se alimentedas tuas canções.A verdade faz nascer a última palavra.E a última palavra faz nascer a próxima.A tua luz que sorri sobre os diassombrios do inverno de meu coração,já advinha as flores da sua primavera.Em Seu amor Deus beija o finito,e o homem o infinito.Não me deixes envergonhar-te, Pai.Tu que depositaste tua glória nesta criança.Nós saberemos algum dia que a mortenão roubará aquilo que a alma ganhou.Pois já é parte dela.Eu escalei o pico da montanha e não achei abrigo na fama,ou nas alturas estéreis.Leve-me, meu Guia, antes que anoiteçapara o vale. Onde a colheitada vida amadurece em sabedoria.Deixe que estas sejam as minhasúltimas palavras "eu confio no Teu Amor".

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