quarta-feira, 17 de junho de 2009

À Vista do Meu Ponto _ Coluna de José Wanderley Dias




A Morte é a grande pergunta e grande resposta de todos os credos!
Para os Que Realmente Passaram a Viver
Não, eu não chorarei os meus mortos simplesmente porque a morte não existe e a vida não pára, a vida continua!Não, eu não me desesperarei ante o que chamam o eterno adeus:eu sei que a morte é o parto da eternidade e, nela, a morte é que morrerá!Não, eu não pensarei sequer que a saudade será algo feito para que eu pranteie, para que eu deplore: pelo contrário.Dentro da saudade haverá a esperança certeza de que um dia virá em que não mais será preciso ter saudade.Não, eu não pensarei que a vida é o intervalo entre duas datas escritas num pedaço de mármore com letras feita de flores...Eu não irei para os jazigos recitar fúnebres monólogos, compor frases perdidas que todas rimarão com nunca mais:ali, em silenciosa prece, eu me entregarei ao diálogo entre vidas que sabem que irão reunir-se um dia..Irei falar, é certo, de uma falta que não foi suprida, de uma ausência que não foi esquecida,mas, por isto mesmo, direi tranqüiloque o que parece despedida é apenas um até a vista um até para sempre e um dia...A tristeza não será desespero, o pranto não será sepultura, a lembrança tortura não será, porque, no fundo do ser,que espera, que confia, que acredita, há a crença total de que os olhos que se fecham para a treva abrir-se-ão de fato para a luz,de que o fim é apenas o começo real, de que a morte é a porta da ressurreição.O lenço que enxugará o meu pranto será todo feito de nuvens, além das quais existe a vida, vida que não vai para baixo do chão,vida que não se transforma em pó, vida que vivem os que para ela se foram não sabemos quanto tempo antes de nós,mas para a qual nos encaminhamos com a serenidade dos que sabem que não estão se despedindo, mas preparando o local e o momento em que o encontro feliz se dará!Do livro "A Vida Passou Por Mim" de: Jose Wanderley Dias
Durante muitos anos acompanhei a coluna "À Vista do Meu Ponto " de José Wanderley Dias, no jornal A Gazeta do Povo, que era então o elo de ligação entre eu e Curitiba. José Wanderley Dias faleu pouco tempo depois de ter escrito esta crônica.

3 comentários:

Maria Emília disse...

Que pena já não termos mais entre nós quem escreveu crónicas tão belas. Mas deixou certamente a sua semente e continua presente de outra forma.
Estou absolutamente de acordo com tudo o que ele diz sobre a morte.
Assim eu tivesse a capacidade de passar palavra a outros sobre este assunto.
Um beijinho,
Maria Emília

Anônimo disse...

Linda crônica de José Wanderley Dias. Quando eu tinha uns 20 anos (hoje, tenho 47), eu colecionava os recortes de jornais dele. Chamava-se "a vista do meu ponto". Lindas crônicas...

Bom relembrar.

Condomínio Flamboyant disse...

Parabéns. Fui aluno dele na FAE. Uma honra ter convivido com um brasileiro UMcom B maiúsculo