quarta-feira, 17 de março de 2010

Haverá sempre um amanhã


Haverá sempre um amanhã

Por mais que os abismos sejam fundos,
sobre eles sempre haverá um firmamento;
não te desorientes se muitos são os gritos:
um dia far-se-á de novo silêncio
e conseguirás refletir melhor;
também não te afoites se o silêncio perdura;
quando chegar sua vez,
a palavras surgirão de novo
e entenderás a mensagem que te trarão...
Não temas a escuridão
que se faz quando passam nuvens de corvos,
eles terão de sair do céu
ou terão de descer à terra
e o sol voltará radioso a brilhar...
Não penses que a mentira dominará de todo:
ela mentirá até mesmo sobre si própria,
e seu descrédito tornará indispensável
que a verdade volte a ser reconhecida...
Nenhuma escuridão, por màis densa que seja,
conseguirá apagar a luz do vaga-lume;
não te entristeças se sentes frio:
sempre encontrarás a mão amiga
na qual aquecerás as tuas
que, assim, não se enregelarão...
Não receies o tropel dos animais:
um dia, e não está longe este dia,
ouvirás de novo a maciez
de pés descalços pisando sobre a relva...
A chuva voltará a cair
e o verde voltará ser verde,
por isto tua sede será aplacada um dia,
podes esperá-lo confiante...
Não temas sequer a morte:
ainda não se descobriu um cemitério de almas,
já que estas vivem para sempre...
Não penses que o infinito não te fale:
talvez ele esteja atento a ouvir-te
e não queira perder uma só de tuas palavras...
Não penses que estás irremediavelmente condenado:
o perdão existe exatamente para quem erra,
mas que deseja voltar ao caminho,
Se teus pés fraquejam,
busca quem te auxilie:
reconfortado, um dia chegará a tua vez de auxiliar...
Não chores de amargura
se o dia de hoje é tenso, incerto, amargo:
haverá sempre, sempre um amanhã...
José Wanderley Dias 
Do livro:
Ao Som Das Flautas De Bambu

4 comentários:

L.S. Alves disse...

Passando para ler sobre o dia de amanhã e pra deixar um abraço também.

L.S. Alves disse...

Passando para ler sobre o dia de amanhã e pra deixar um abraço também.

Rita Schön disse...

Obrigada pela visita

Lu Vieira disse...

Rita, gostei de conhecer o seu espaço. O poema já começa com um título esperançoso "Haverá sempre um amanhã". E gostei de ler toda a poesia. Um abraço!