Há um elo secreto entre a lentidão e a memória,
entre a velocidade e o esquecimento.
Evoquemos uma situação extremamente banal:
um homem caminha na rua.
De repente, quer lembrar-se de qualquer coisa,
mas a lembrança escapa-lhe.
Nesse momento, maquinalmente,
o homem atrasa o passo.
Pelo contrário, alguém que queira esquecer um incidente penoso
que acaba de viver acelera sem dar por isso,
o ritmo da sua marcha
como se quisesse afastar-se depressa
do que no tempo lhe estará demasiado perto.
Na matemática existencial,
esta experiência assume a forma de duas equações elementares:
o grau da lentidão é diretamente proporcional
à intensidade da memória;
o grau da velocidade é diretamente proporcional
à intensidade do esquecimento.
Milan Kundera
Fez sentido para mim ... o grau de velocidade ...
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