Quando morreres, quando tua alma imortal abandonar teu corpo, serás
colocado dentro de um ataúde após alguns preparativos, e serás levado para um
jardim imenso com grama alta, onde cantam os rouxinóis.
Descer-te-ão à sepultura, jogarão terra sobre teu corpo e erguerão uma lápide com teu nome. Nem todas as pessoas morrem de maneira tão distinta; algumas simplesmente ficam jogadas em qualquer lugar e ninguém se importa com elas; outras, pelo fim que levaram, escapam a qualquer ocupação póstuma com seus restos mortais. A maioria, no entanto, encontra uma sepultura. Algum sacerdote faz uma oração; às vezes alguém chora antes que fiques só. Prometem que nunca serás esquecido, o que não deixa de ser um consolo, mas também um tanto ridículo... pois tudo se esquece depois de algum tempo. Tudo.
Quando morreres terás o teu próprio paraíso. Ninguém mais poderá importunar-te em tua sepultura. Descansarás em paz.
O vento sopra, as nuvens passam; o dia passa, a noite chega. O verão se
despede, a neve e a chuva fria te cobrem. Tudo isto já não te importa, repousas lá no fundo. O ano acaba. Mais uma vez chega a primavera e volta o verão. É o
mesmo sol que brilha, que ilumina a tua campa; sempre o mesmo.
Se, tiveres uma crença e levado uma vida temente a Deus,
então confiarás que o Todo-Poderoso há de receber-te em Seu reino celestial, onde os anjos tocam suas harpas, e terás a bem-aventurança infinita.
Se no entanto, tiveres criado para ti uma visão do mundo
baseado na física, acreditarás que os componentes orgânicos de teu corpo, transformados em ácido carbônico e amoníaco, irão se espalhar pela terra seguindo a lei da difusão, servindo para o nascimento de plantas e árvores. Por isto acreditas que toda flor, todo animal contêm uma parte do teu corpo. A
substância inorgânica do teu corpo, os sais de cálcio e de fósforo se
desintegrarão, dissolvendo-se na chuva e na água das correntes. A energia contida em teu corpo sairá dele, transformando-se em calor e formará parte da energia do mundo. Esta será a verdadeira ressurreição da morte, para quem, como, levou uma vida dedicada à química. Nesta convicção, viverás em paz com o que está por acontecer, sabendo que a morte nada mais é do que uma
conseqüência necessária de toda a vida. Nunca somos os mesmos. com a morte, no entanto, sofremos nossa maior transformação. Muita coisa acontece quando morremos. Mas não é tão fácil morrer.
Excerto:Amanhã Será Outro Dia
pgs 67-68 (J.M.Simmel)
Este é meu Diário de Bordo. Pretendo registrar aqui, minhas divagações à respeito do que eu percebo e experimento enquanto navego à bordo deste planeta chamado Terra.
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
Simmel J.M.
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