“Recorro a ti para não separar-me
deste chão de sargaços mais de flores,
onde os bichos que amastes mais o frutos
que em tuas mãos plantavas e colhias.
Por essas mãos te peço que me ajudes
e que afastes de mim com dentes alvos do teu riso
contido mais presente
a tentação da morte voluntária.
Não deixes, filho meu, que a dor de amar-te
me tire o gosto do terreno barro
e a coragem dos lúcidos deveres.
Que estas árvores guardem no céu puro,
entre rastros de estrelas e lembranças
dos teus humanos olhos deslumbrados”.
Odylo da Costa Filho
Publicado em Cantiga Incompleta, 1971
“Odylo não foi sempre um poeta em exercícios constantes. Tão esporadicamente atendia aos chamados da grande Musa, que chegou a ser incluso, por Manuel Bandeira, na Antologia dos Poetas Bissextos. A partir de 1963, é que, levado “por circunstâncias dolorosas”, entrega-se inteira/intensamente ao labor/lavor poético, produzindo o que o mesmo Manuel Bandeira viria a considerar “os mais belos poemas da poesia de língua portuguesa”. Instado pela dolorosa (e trágica) perda de um filho adolescente (Odylinho), portador do seu nome, o poeta concebe e dá à luz, nessa imensa dor, as mais sublimes joias poéticas, que tão bem fazem jus à classificação do mestre Bandeira”.
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