terça-feira, 1 de novembro de 2016

Para os Que Realmente Passaram a Viver



Quando Eu Morrer ...
Para os Que Realmente Passaram a Viver
Não, eu não chorarei os meus mortos simplesmente porque
a morte não existe e a vida não pára, a vida continua!
Não, eu não me desesperarei ante o que chamam o eterno adeus:
eu sei que a morte é o parto da eternidade e, nela, a morte é que morrerá!
Não, eu não pensarei sequer que a saudade será algo feito para que eu pranteie,
para que eu deplore: pelo contrário.
Dentro da saudade haverá a esperança certeza de que um dia virá em que não mais será preciso ter saudade.
Não, eu não pensarei que a vida é o intervalo
entre duas datas escritas num pedaço de mármore com letras feita de flores...Eu não irei para os jazigos recitar fúnebres monólogos, compor frases perdidas que todas rimarão com nunca mais:ali, em silenciosa prece, eu me entregarei ao diálogo entre vidas que sabem que irão reunir-se um dia..Irei falar, é certo, de uma falta que não foi suprida, de uma ausência que não foi esquecida,mas, por isto mesmo, direi tranqüilo que o que parece despedida é apenas um até a vista um até para sempre e um dia...A tristeza não será desespero, o pranto não será sepultura, a lembrança tortura não será, porque, no fundo do ser,que espera, que confia, que acredita, há a crença total de que os olhos que se fecham para a treva abrir-se-ão de fato para a luz,de que o fim é apenas o começo real, de que a morte é a porta da ressurreição.O lenço que enxugará o meu pranto será todo feito de nuvens, além das quais existe a vida, vida que não vai para baixo do chão, vida que não se transforma em pó, vida que vivem os que para ela se foram não sabemos quanto tempo antes de nós,mas para a qual nos encaminhamos com a serenidade dos que sabem que não estão se despedindo, mas preparando o local e o momento em que o encontro feliz se dará!
Do livro "A Vida Passou Por Mim" de: Jose Wanderley Dias

“O que vale, a cada um de nós, é encararmos o nosso fim como não
sendo realmente o fim: é etapa a ser cumprida, meta a que atingiremos,
e que nos cumpre atingir bem.” (José Wanderley Dias).

Durante muito tempo acompanhei a coluna "A Vista do Meu Ponto" de José Wanderley Dias no jornal A Gazeta do Povo ... 

Escritor, advogado, jornalista e professor, José Wanderley Dias faleceu em 9 de julho de 1992, na região metropolitana de Belo Horizonte, em decorrência de grave acidente automobilístico, aos 67 anos, juntamente com sua esposa Neusa Maria Soares Dias, de 60 anos.


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